fragmentos de um conto
Eu escrevi um conto chamado "Pombinhos de Rapina". Eu gosto do título. E gosto tb de algumas partes (são 4 laudas ao todo....). Mas não funciona como um todo. Decidi então desmembrá-lo e publicar aqui os trechos q acho interessantes. Aí vai a primeira dose.
Ana, pequena furiosa, o que você pretende salvar? Quando renúncia a todo sentido, quando murmura coisas sem significado em seus emails, quando me manda fotos de suas transas acompanhadas de outras de poodles e orquídeas. O que acontecerá quando eu responder um de seus emails, pequena? Sua cabeça explodirá e seus sonhos cruzarão o Atlântico num vôo lépido, surreal, e quando alcançarem as froteiras do nosso lar se tornarão bestas enormes, com dentes afiados, prontos a me decepar a cabeça, como um preço pela sua morte já tão antiga. Você que me ensinou que a vida era assim mesmo e que não havia nenhum remédio se não a beleza. Apenas sua beleza era frágil demais, toda aquela festa de cores, tudo aquilo que se despedaçou tão facilmente em meio a nossas dores e desejos. É inútil enviar-me seus monstros, eles não me assustam mais. Eu estou curado de você, da sua morte, do seu medo, das nossas dores. Porque você me ensinou, pequena: seremos sempre a dor na memória um do outro. No entanto, isso não significará a morte, nem de longe.
5 Comments:
Opa, fiquei curioso! Quero o conto todo e uma conversa sobre ele depois... Ah, uma pergunta: há mais Manoel nos contos ou mais contos no Manoel?
foda, me deu vontade de ler tudo, achei realmente fascinante.
bem, paulo, como eu te disse, acho eu há mais Manoel nos contos que o contrário rsss
e, beto, se eu reformulá-lo passo uma cópia pra vc ta? não estou satisfeito com ele como está. mas isso é muito de momento. talvez precise apenas de uma revisão, mas talvez seja caso perdido mesmo. rss mas estou achando q falta coesão...
de qualquer forma, essa foi uma solução que achei legal, publicar alguns trechos, pq acho q tem algumas partes realmente legais...
acho q vou acabar mesmo reformulando, ai passo uma cópia pra vcs dois.
obrigado pela atenção pessoas.
grande abraço.
sempre acha que sabe mais do outro que ele? muito incisivo, sempre. quase julga. talvez ensine :)
(me manda também quando refizer?)
provocação à parte, gostei:
"seremos sempre a dor na memória um do outro. No entanto, isso não significará a morte, nem de longe": não significará a morte, mas a memória persiste em carregar essa esperança de que poderia ter sido terno, não fosse monstruosa e cruel a impossibilidade de seguir caminho paralelo. a dor da memória... sempre triste demais. triste mesmo lembrar do que era bom. mas isso não significará a morte. nem de longe.
rs será que vamos conseguir viver aquela melancolia do Benjamin? aquela que vislumbra o horror, faz questão de expô-lo, de evidenciá-lo e, ainda assim, se recusa terminantemente a se desesperar? acho que essa é uma questão de vida ou morte
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