Há sobre os meus olhos um cansaço indelével, e em todo o meu corpo um silêncio feito de escombros. Não é a ausência de palavras que me emudece, mas o fato de estarem todas aos pedaços. Um vento muito antigo faz tremer as minhas mãos enquanto, arrancando-os do peito, tento conferir a esses cacos uma unidade mínima, uma única imagem duradoura que seja. E quando cessa de soprar por um instante esse vento deixa atrás de si o desalento que se torna cada vez mais familiar (deixando, pouco a pouco de ser um obstáculo absoluto à alegria) : meu mosaico está cheio de falhas. Há cacos sobrepondo-se e vãos por onde pode-se passar um punho cerrado. E sempre a dor das palavras depedaçadas.
mundosdevidro
mundos de vidro é o título dado no Brasil à tradução do primeiro romance do escritor italiano Alessandro Baricco. este é um espaço literário-especulativo que criei para falar das coisas que me são caras e da vida que anima essas coisas. música, cinema, ciências humanas, filosofia, literatura e pessoas.
4 Comments:
Isso sim é conhecer e sofrer a fragmentação. Pequeno mas legal.
Olá...
Depois você tem coragem de dizer que não se dá bem com poesia.
Experimente.
Há em mim também cansaço.
Manu...Manu... e essa infindavel dor. Enquanto lia o post me veio a mente uma cena do filme "O pianista"... onde ao fim da guerra so restava a desolacao... e havia uma beleza que tbm era indizivel... ha algo belo na dor e principalmente na percepcao dela.
Bju dear... Adoro vc!
Obrigado pelos comentários pessoinhas queridas.... vcs 3 reamente são leitores assíduos rsss
bem, paulo, infelizmente, nesse terreno, conhecer não significa administrar bem rs
marininha, poesia nao é comigo! rs ja te disse.. só se for em prosa... eu nunca sei pq uma verso tá em cima do outro! leio pesia como se estivesse lendo uma prosa que por alguma razao cismaram de picar em pedacinhos e colocá-los um em cima do outro... rs
srta. maressa, sim há algo de belo na dor e nesse caso, trata-se de uma dor irrevogável... mas não se trata de um culto adolescente à dor, aquel amelancolia pseudo-gótica ingênua e cafona... nao, trata-se daquilo que o Pessoa disse: "se não há possibilidade de beleza, vamos tirar beleza do fato de não haver possibilidade de beleza"...(as palavras nao sao exatamente essas, mas quase rs) nós boicotamos a morte qdo fazemos isso... rs
obrigado a todos vcs
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