04 novembro 2005

ultimo fragmento


Ana, quando eu a conheci, era uma menina que tinha lá suas reservas de ternura, tinha lá sua sensibilidade olfativa, pelo menos ao cheiro de merda que ela conhecia bem. Queria, como eu, se salvar. De si mesma e do absurdo de uma vida que ela se sabia completamente incapaz de amar. Mas no fim se tornou não mais que um feixe de raivas desordenadas. Tudo de um mal gosto imperdoável. Tinha um ponto fraco: a certa altura estava sempre querendo foder alguém, mas não sabia fazer isso sem se denunciar. Se ela te amarrasse numa cadeira e te espancasse com um taco de beisebol até a morte, ainda assim você poderia notar, sem grande esforço, o medo a lhe saltar de cada poro. E não era só medo, mas vergonha também. E aquele cansaço, aquela porra de olhar sempre entreaberto.


Pronto pessoas. Vou ver o que faço com o resto dessa tentativa de conto. Se o reformular publico aqui.

4 Comments:

At 12:16 AM, Anonymous Anônimo said...

gosto desse tipo de descrição e adjetivação. é tão sincero e tão não-sincero, afinal o texto é em terceira pessoa sobre outrem.

 
At 8:26 AM, Blogger mundosdevidro said...

acho que tudo o que esse narrador diz é altamente suspeito, mas tendo a acreditar na descrição que ele faz de Ana.

algo que me ocorreu agora: quer conhecer uma mulher bastante interessante? leia Crônica da Casa Assassinada, do Lucio Cardoso. um dos melhores livros que ja li na vida. lá existe uma nina. vale a pena.

abraço

 
At 11:14 PM, Blogger Paulo André Araújo Dias said...

Não quero comer a Ana. Pára de se deixar influenciar pelo Tarantino...

 
At 9:34 AM, Blogger mundosdevidro said...

Tarantino? seria o taco de beisibol? de qq forma é gratificante ter passado a impressão de ser influenciado por ele...

e vc quer comer a ana sim senhor. todo mundo quer. eu, de minha parte, acho um equívoco. ana é encrenca certa. mas va convencer vcs disso.

e se eu passar no mestrado a gente combina o lance do esôfago falou? dá pra tirar o aparelho digestivo todo? a gente vê, a gente vê...

grande abraço meu caro

 

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