04 julho 2006

Aquele silêncio era uma prece e aquele apertar de olhos uma súplica e aquele ranger de dentes a expectativa paralisada de que alguma coisa sobrasse da fúria com que aquela vida lhe atravessava. Porque dois olhos e dois ouvidos, um corpo e um pensar, eram pouco pra uma vida tão exuberante e invasiva. Ou foi o coração que perdeu a conta dos instantes e a medida das paixões e ficou assim tão tolo, sempre aquém ou além da vida - sempre com menos do que precisa ou mais do que pode suportar. No meio daquele terror, subjugada por aquela beleza insuportável e sem nome, rogava por misericórdia com o corpo trêmulo e imerso na consciência dos próprios limites. Uma consciência que, de tão aguda, levava o nome de ausência. Misericórdia! Que alguma coisa restasse. E que entre essas coisas uma delas tivesse o seu próprio nome. E que fosse ela, viva.

ao som de Godspeed You Black Emperor

2 Comments:

At 12:17 AM, Anonymous Anônimo said...

muito lindo, como sempre.

quem sabe um sorriso não preenche esse vazio.

:)

mas heeeeein manéeel, tô sabendo que rolou saaaaaaaangue esse final de semana. eheheh conta essa história direito pra mim..:)

 
At 10:25 AM, Anonymous Anônimo said...

"Uma consciência que, de tão aguda, levava o nome de ausência."

Ainda melhor que antes...


"E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas,serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada." Vinicius de Morais.

E é assim baby...
bjos

 

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