cores
Algum tempo já se passou, mas as perguntas continuam basicamente as mesmas. Amadurecidas pelo tempo, é claro, e tingidas com novas cores. Mas as tonalidades são as mesmas: uma porção de cinzas, todas as cores frias que me trazem certa calma e a sensação de estar em casa. Mas hoje há muito mais branco do que antes. Creio que minha aquarela tornou-se mais leve, menos cansativa aos olhos. E eu deixei de odiar as cores que não são minhas. Quer saber? O vermelho e o amarelo ficam até bonitinhos aí pelo mundo. E tudo por causa do branco que dilui minhas cores e minhas tristezas.
Em certo sentido acho que estive sempre certo: a vida é uma questão de força. E a certeza de que essa força não precisa ser bruta, de que, aliás, não há como ser, pois é precária do início ao fim, e ainda assim é a única força que nos resta, essa certeza é o branco da minha aquarela. O que mudou, talvez, tenha sido aquele ímpeto desesperado de ser maior que a vida, de se colocar, a qualquer preço, num lugar absolutamente seguro. Essa renúncia da vida...
O jogo, me parece, será sempre o mesmo: a vida imensa e veloz, com a força de mil gigantes e, no meio dela, "o frágil e minúsculo corpo humano". E, ao meu ver, nosso único recurso, a única rebeldia possível, continua sendo esse gesto patético e belíssimo a que chamamos, de uma forma ou de outra, de amor.
Eu não sei... é bem provável que sejamos destroçados ao longo do caminho (embora, felizmente, não seja certo). Mas o fato é que é bom vislumbrar o fim assim, de longe. E nesse ínterim sentir a possibilidade de uma vida. E perceber que, por fim, suas mãos não tremem mais.
5 Comments:
Eu realemnte acredito no amor...
e quanto mais ridiculo... mais patetico...mas me sinto bem...
Complexo..
Nossa,é muita coisa mesmo.
Enfim..
rsss querida marina, menina, que vc se salve nessa sua fé rs.. te quero muito, muito bem...
e, cuca, quem é vc? apareça, sim?
Amor? Não sei...
Não sei bem o que é isso, não sei se posso concordar.
Amor, pura e simplesmente amor. Sem objeto de depósito desse sentimento, sem retorno, sem esperas.
Amor, sim, amor.
Sei lá.
Muito lindo este texto!!!
"E eu deixei de odiar as cores que não são minhas" interessante, estou refletindo sobre isso...
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