Eu tenho uma mania, um defeito talvez: eu violento a vida com palavras. Eu aperto, torço, amasso, quebro a vida se preciso, pra que fique do tamanho das minhas palavras. Mas é uma ilusão boba. No fim ela está mais ou menos como antes, e eu exausto de tentar messurá-la. Faz um tempo que isso começou a doer, daí mudei de plano: dei pra me entregar a vários silêncios. Deixo a vida passar calada, às vezes. Me parece sábio: sorver silêncios em grandes goles, pra que se acalme um pouco o inferno de palavras que nunca pára dentro de mim. Assumir os limites do dizível torna o dizer um pouco mais sereno, e me protege do desespero. Por isso esse texto é pequeno assim.
ps: ontem assisti de novo Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (grato mocinhas...). E calei um mundo de palavras. Calei-as até de mim. E tudo permaneceu como antes: uma dorzinha quieta, um sorriso de quem vai indo devagar e sem pânico de viver. Numa palavra: calma. Ou ainda: adeus.
8 Comments:
eu me pûs a pensar se violento a vida com palavras ou não. quando li a primeira frase pensei "putz!, eu nao acho que eu tente reduzir a vida." cheguei ao final do texto, e descobri que vc escreveu algo q foi como se eu tivesse me lido por outras maos. tbm estou com o querer do silêncio, nao o msmo do seu, nada individual se iguala, eu acho. nao sei novamente oq faço escrevendo agora.
rs vc acaba de me arrancar uma gargalhada cúmplice beto rs... engraçado a gente se perder nas palavras qdo as buscamos pra nos orientar... um mega clichê imortal rs
essa história de inícios, finais, limites, limites, limites...me parece mais um diálogo entre seus Bartleboom e Plassom internos.
internos não..hehe particulares..rs
Pelo menos você não está ouvindo os loucos do Ludovic, isso me lembra muito a nayara, que acabou de sair aqui de casa.
É um belo filme, e me lembra que gostaria de apagar algumas coisas da minha cabeça, sabe aqueles micos que você tem vergonha até de lembrar? então, não é bem isso, é mais o que dá vontade chorar mesmo, de sofrer, coisas do sentimentalismo humano.
ai que brega!
e eu não sou uma doente mental completa nãoo!
Sim Michelle, há um PLassom e um bartleboon dentro de mim. São o que há de melhor em mim talvez rs Mas há tb um Adams e, é claro, uma Elisewin. Mas como estão todos num corpo só, o meu, nem é preciso dizer que o ódio frio e acumuldado de Adams faz o coração de Elisewin bater desconpassado, sôfrego, quase parando as vezes. E mesmo assim, ela não tem medo ("não tenha medo, eu não tenho")...
Narrira, me lembro de uma parte em que a jovem loirinha diz "os adultos são um amontoado (nao tenho ceretza se foi esse o termo q ela usou) de fobias e tristezas" e lembra que as crianças são puras pq não têm dores a recordar... mas o método deles, tantas vezes inocentemente almejado por nós em momentos de dor lancinante, esse método seria nos destituir de nós mesmos ne?
sempre haverá com parar a jornada se a força pra caminhar se tornar melhor que a dor das lembranças, quando aquilo que sé dói mais que o suportável... mas até lá eu quero minhas lembranças comigo, memso que seja num quarto dos fundos da minha alma rs
há uma coisa que eu queria ter dito no post, mas me esqueci. é que qdo o filme começa, aquele episódio deles se encontrando na estação, depois no trem... enfim, eu pensava: "quão perdidas duaspessoas precisam estar pra se encontrarem assim?".
Mundos de vidro pra gente se perder... Eu, você e Elisewin. Com dor e sem dor. Violenta e serenamente.
Beijo meu.
Dani
www.entranhasexpostas.blogger.com.br
Postar um comentário
<< Home