13 janeiro 2006

Eu tenho uma mania, um defeito talvez: eu violento a vida com palavras. Eu aperto, torço, amasso, quebro a vida se preciso, pra que fique do tamanho das minhas palavras. Mas é uma ilusão boba. No fim ela está mais ou menos como antes, e eu exausto de tentar messurá-la. Faz um tempo que isso começou a doer, daí mudei de plano: dei pra me entregar a vários silêncios. Deixo a vida passar calada, às vezes. Me parece sábio: sorver silêncios em grandes goles, pra que se acalme um pouco o inferno de palavras que nunca pára dentro de mim. Assumir os limites do dizível torna o dizer um pouco mais sereno, e me protege do desespero. Por isso esse texto é pequeno assim.

ps: ontem assisti de novo Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças (grato mocinhas...). E calei um mundo de palavras. Calei-as até de mim. E tudo permaneceu como antes: uma dorzinha quieta, um sorriso de quem vai indo devagar e sem pânico de viver. Numa palavra: calma. Ou ainda: adeus.

8 Comments:

At 4:32 PM, Anonymous Anônimo said...

eu me pûs a pensar se violento a vida com palavras ou não. quando li a primeira frase pensei "putz!, eu nao acho que eu tente reduzir a vida." cheguei ao final do texto, e descobri que vc escreveu algo q foi como se eu tivesse me lido por outras maos. tbm estou com o querer do silêncio, nao o msmo do seu, nada individual se iguala, eu acho. nao sei novamente oq faço escrevendo agora.

 
At 4:33 PM, Blogger mundosdevidro said...

rs vc acaba de me arrancar uma gargalhada cúmplice beto rs... engraçado a gente se perder nas palavras qdo as buscamos pra nos orientar... um mega clichê imortal rs

 
At 6:22 PM, Blogger Moinho S/A said...

essa história de inícios, finais, limites, limites, limites...me parece mais um diálogo entre seus Bartleboom e Plassom internos.

 
At 6:23 PM, Blogger Moinho S/A said...

internos não..hehe particulares..rs

 
At 7:26 PM, Anonymous Anônimo said...

Pelo menos você não está ouvindo os loucos do Ludovic, isso me lembra muito a nayara, que acabou de sair aqui de casa.

É um belo filme, e me lembra que gostaria de apagar algumas coisas da minha cabeça, sabe aqueles micos que você tem vergonha até de lembrar? então, não é bem isso, é mais o que dá vontade chorar mesmo, de sofrer, coisas do sentimentalismo humano.

ai que brega!

e eu não sou uma doente mental completa nãoo!

 
At 11:48 AM, Blogger mundosdevidro said...

Sim Michelle, há um PLassom e um bartleboon dentro de mim. São o que há de melhor em mim talvez rs Mas há tb um Adams e, é claro, uma Elisewin. Mas como estão todos num corpo só, o meu, nem é preciso dizer que o ódio frio e acumuldado de Adams faz o coração de Elisewin bater desconpassado, sôfrego, quase parando as vezes. E mesmo assim, ela não tem medo ("não tenha medo, eu não tenho")...

Narrira, me lembro de uma parte em que a jovem loirinha diz "os adultos são um amontoado (nao tenho ceretza se foi esse o termo q ela usou) de fobias e tristezas" e lembra que as crianças são puras pq não têm dores a recordar... mas o método deles, tantas vezes inocentemente almejado por nós em momentos de dor lancinante, esse método seria nos destituir de nós mesmos ne?
sempre haverá com parar a jornada se a força pra caminhar se tornar melhor que a dor das lembranças, quando aquilo que sé dói mais que o suportável... mas até lá eu quero minhas lembranças comigo, memso que seja num quarto dos fundos da minha alma rs

 
At 11:50 AM, Blogger mundosdevidro said...

há uma coisa que eu queria ter dito no post, mas me esqueci. é que qdo o filme começa, aquele episódio deles se encontrando na estação, depois no trem... enfim, eu pensava: "quão perdidas duaspessoas precisam estar pra se encontrarem assim?".

 
At 4:31 AM, Anonymous Anônimo said...

Mundos de vidro pra gente se perder... Eu, você e Elisewin. Com dor e sem dor. Violenta e serenamente.

Beijo meu.

Dani
www.entranhasexpostas.blogger.com.br

 

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