17 janeiro 2006

Eu vou escrever uma história urbana. É sobre uma mulher, uma jovem bonita e cheia de cicatrizes. Ia escrever um pouco hoje mas ela encasquetou de sentar numa poltrona na sala e não se levanta por nada nesse mundo. Qdo o telefone toca ela tomba a cabeça e fica olhando pro aparelho até ele parar. Eu devia deixa-la assim, secando a porra da garrafa de whisky e soprando fumaça pro alto. Ou posso começar da manhã do dia seguinte, qdo ela acordar. Às vezes é o que dá pra fazer qdo uma personagem se cansa assim. Mas nem ela se move nem eu paro de olha-la. Tão bonita, ela. E não vai morrer por agora, eu acho. Parece-me que ela passou da época de morrer assim, de cansaço. Ao menos por enqto. Pq esses tempos, às vezes, voltam. Mas não vai morrer de cansaço, eu acho. E não vai levantar por nada hoje.

No fundo há um Portishead baixinho, que escorre pelo chão e sobe pelas paredes, tingindo a cena toda com um sarcasmo terapêutico. Uma espécie de formol para a alma.

9 Comments:

At 2:58 PM, Anonymous Anônimo said...

já vi umas morrerem. às vezes é bom. descansa o espírito. elas deviam chacolhar a morte pra gente. é esse o sentimento. elas piscam dormindo eternamente.

 
At 3:36 PM, Blogger mundosdevidro said...

não quero que elas morram mais que o necessário rs... na verdade, queria vê-las de pé. queria vê-las fortes uma vez ao menos. chega de morrer de cansaço. ela vai se levantar, de manhã, com o gosto de whisky na boca e um monte de coisas pra fazer. eu aviso qdo ela se levantar.

 
At 3:38 PM, Anonymous Anônimo said...

sem olhar como se o paraíso fosse perdido e fosse isso a nossa desgraça. mas eu espero. e imagino elas serem uma. uma que "sopra sua ferida secreta" e bebe com leveza e sem pressa os dias com folhas ao chão.

 
At 11:35 PM, Anonymous Anônimo said...

deve feder então.

 
At 12:16 AM, Anonymous Anônimo said...

a alma nao precisa de formol. nao deve nem pensar em precisar de formol. só isso.

 
At 8:04 PM, Anonymous Anônimo said...

sei lá, parece que ao ficcionalmente matar alguém quando escrevo ou ao ler alguém de tal forma morrer, eu posso metaforicamente matar uma série de frustrações internas que teimam em se enfileirar ocasionalmente buscando sempre o lanche nas mãos da tia do recreio. e elas teimam a achar que a tia sou, cegas que são. e às vezes sou besta mesmo, faço papel de tia. ela é bonita mesmo, sabe? eu concordo, é bom de olhar. parece que exterioriza algo de mim. sarcasmo terapêutico, hm, se aí eu nao vi um viés pessoal eu seu eu tou vendo o meu então. deixa o formol aí escorrendo então um pouco, amanhã a chuva pode vir e levar, os mortos levantam nessas horas. eu espero que ela continue, tem algo de belo nela mesmo.

 
At 9:59 AM, Blogger Dheyne de Souza said...

Pileque, ressaca, pileque, ressaca.
Tropeços entre o dia e a noite.
Ressaca.

 
At 2:26 PM, Blogger Taís said...

gosto mesmo é da idéia de não levantar por nada hoje

 
At 11:30 AM, Blogger `´é`´ said...

Ei, acho que essa personagem é a Alegria...

 

Postar um comentário

<< Home