30 outubro 2007

PUTA QUE PARIU!!!

Aleluia!, Gloria a Deus. Louvados sejam Jesus, Maomé, Shiva, Gamesh (ô elefantinho fofo gente!), o Chacrinha e aquele velinho bacana que descobriu o chá do Daime na Amazônia (e que hoje faz a alegria de playboys "espiritualizados", hippies de shopping e maculelês diversos. Enfim, gente cheia de "boas vibrações" rs).

Pois bem: até que enfim a Companhia das Letras lançou a tradução brasileira de Questa Storia, último romance de Alessandro Baricco. É que o mais vendido de seus romances (e, em minha opinião, o menos genial), Seda, foi filmado numa mega produção e deve estar chegando aos cinemas brasileiros. Pelo que conhecemos da Companhia das Letras, que não é besta nem nada, a editora deve pegar carona e relançar a obra toda. Além de Esta história já saiu Seda, (com nova tradução), ambos em edições lindíssimas.

A maior parte de vocês não vai se impressionar muito com isso, mas quem me conhece sabe que eu to sorrindo pras paredes, abraçando inimigos, "beijando o português da padaria". Mal posso esperar pra pegar o meu exemplar da nova edição de Mundos de Vidro.

O fato é: faz cinco anos que eu leio e releio os livros do Baricco e não há nada em literatura contemporãnea que tenha me cativado tanto.

Nesses cinco anos fui me tornando cada vez mais íntimo de sua obra e de seus personagens. Não raro sinto saudade de um deles, daí vou num trecho específico, revejo uma cena (sim, porque Baricco é literatura pra se ver), releio algumas linhas ou páginas. Fecho o livro sorrindo satisfeito, como quem acaba de visitar alguém muito querido. Assim é com a belíssima Jun e o pirado Pekish, de Mundos de Vidro; com a indescritível Elisewin, de Oceano Mar, minha favorita (preciso de uma mulher que aceite ter uma filha com esse nome); com o menino Gould e Shtazy Shell ("nada a ver com o cara do posto de gasolina"). O piedoso (piedade no amor) Hervé Joncour de Seda me inspira profundo respeito, assim como o "casal" de Sem Sangue (que nunca foi editado no Brasil) me surpreendeu em meio ao único romance de Baricco em que não se consegue dar uma só risada.

Normalmente é assim: você está em meio às mais escrachadas gargalhadas quando, no meio da página seguinte, é pego por um trecho que te deixa mudo. Se for de seu temperamento os olhos se alagam antes mesmo que o sorriso tenha se desfeito por inteiro. Aliás, têm isso os livros do Baricco: não raro te fazem chorar sem desfazer o sorriso (e não importa, aqui, se se trata de chorar mesmo, com lágrimas nos olhos, ou de um daqueles incontáveis jeitos que, cada um de nós, a seu modo, encontra para fazer a coisa com alguma dignidade, quem sabe paz).

Qando conheci Baricco, através do filme de Giusepe Tornatore (baseado no monólogo, Novecentos) não encontrei ninguém que o conhecesse. Daí veio o orkut e pelo menos duas boas amizades vieram da comunidade que criei para o autor (e que hoje é "administrada" por uma iraniana que tem a palavra "soie" (seda, em italiano) tatuada no braço. O fato é que apresentei o Baricco pra mais de uma dúzia de pessoas que, pelo que ando sabendo, estão passando adiante. Somos proselitistas rs. As três ex-namoradas, por exemplo, leram todos os livros e amaram; só agora me ocorre que talvez Baricco não seja lá uma benção para relacionamentos estáveis rs.

Enfim, táí (pela enésima vez) a dica.
Dispensável desejar boa leitura.